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Motivações

É muito fácil dizer o que me levou a fazer um projeto em Passa Quatro, MG. Não conseguia pensar em nenhum outro lugar que me agradasse mais desenvolver um projeto de TCC, eu cresci ali, em meio a vales e montanhas, rios e cachoeiras aprendi a valorizar a história local e a natureza, a perceber as transformações que ocorriam ao meu redor. Isso, num primeiro momento, me levou a cursar Ecologia e a estudar os aspectos ambientais e sua a relação com o homem. Uma outra coisa que aprendi com a minha cidade foi valorizar a história que é contada pelas edificações, pelas tradições e pelas próprias pessoas, e, muito provavelmente veio daí a minha vontade em cursar Arquitetura e Urbanismo

     Então, essas duas faces de Passa Quatro me fizeram pensar em trabalhar a questão histórica da cidade e suas implicações no espaço, juntamente com a questão ambiental, ainda mais considerando um local de extrema relevância ecológica, que é a Serra da Mantiqueira. 

    Ao longo do meu processo, bem no princípio deste, uma de minhas inquietações era justamente a mudança da forma como ocorrem as relações em nossa sociedade. Ouvindo meus avós, tio-avós, tios, pais parecia que antigamente existia uma maior integração entre as pessoas, uma comunidade mais ativa. Havia os bailes nos clubes, os jogos de verão, o cinema nas tardes de domingo, as festas religiosas. A vida pública era mais presente no cotidiano das pessoas. É claro que a sociedade muda, novos hábitos são adquiridos e as pessoas passam a interagir de formas diferentes, inclusive com novas formas de lazer, e grande parte disso vem com o avanço das tecnologias e como elas se introduziram e modificaram o nosso cotidiano.  Não é um pensamento saudosista, mesmo porque, eu mesma não vivi esses tempos, porém o que me chama a atenção é que os espaços que são projetados  hoje abrigam as mesmas funções daqueles realizados há 50 anos, quando, definitivamente vivenciamos um período em que as pessoas interagiam de forma diferente, assim como havia outras formas de lazer e diversão. 

    Com Passa Quatro isso não é diferente. Alguns hábitos e tradições foram perdidos, enquanto novas possibilidades vem surgindo. Não há mais carnavais como antigamente, os bailes nos clubes não ocorrem, nem mesmo os jogos de verão e o cinema das tardes de domingo. Mas as pessoas ainda se conhecem, se não você, seus pais e avós, com certeza. As festas religiosas ocorrem, mesmo que não tão grandiosas como antes, a banda ainda toca nas procissões, e isso é umas das coisas que mais me encantavam quando criança ouvir a banda tocando na procissão e ver a fumaça do turíbulo ganhar o céu. Essa mesma banda foi fundada em 1897. 

Num 7 de setembro, na Rua Direita

    Hoje acontecem vários novos eventos na cidade, como o Canta Passa Quatro, o Festival de Gastronomia, as competições de mountain bike e de montanhismo, além daqueles já tradicionais como o Carnaval de rua, a Festa da Santa Casa, a procissão de Corpus Christi, a Exposição Agropecuária etc. É por isso a minha vontade  de estudar tanto a carga histórica do lugar, que possui inúmeros reflexos nas relações sociais das pessoas e também no espaço urbano.

    Assim, eu parti da ideia de que em cidades pequenas as relações sociais ocorrem de forma mais intensa que numa cidade de porte maior, comecei a estudar como as relações ocorrem entre as pessoas e delas com o espaço, pois a cidade não é somente lugar de reprodução e produção de divisas mas de construção de um modo de vida pautado pelas relações interpessoais, dotadas de alto caráter subjetivo e característico do lugar e dos significados e signos nele presentes. A cidade é um produto social, que evidencia a identidade local, os hábitos, costumes, lugares-comuns, festas e eventos. Pretendo considerar todos esses aspectos associando-os, principalmente, com a importância do caráter ambiental do sítio, a Serra da Mantiqueira.

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